Desfiles & Coleções Moda

DFB Festival: Tudo o que rolou nos desfiles em 2022

O evento aconteceu entre os dias 25 e 28 de Maio no Ceará e é um dos mais relevantes eventos multidisciplinares que entra em diálogo com a moda autoral, cultura e ações formativas da América Latina

Após dois anos de realização online do evento, o DFB Festival, maior evento de moda autoral da América Latina, retoma sua forma presencial e híbrida nas areias da Praia de Iracema.

DFB Festival | Fotos: Roberta Braga e Cláudio Pedroso

De acordo com Cláudio Silveira, idealizador do evento, o festival carrega o tema “Ocupe seu espaço” com um olhar 360°, para retratar o Brasil de diversos horizontes. Para além da moda e de forma multicultural, o público confere programações voltadas para cultura, economia, formação, indústria, gastronomia e turismo.

Reforçando o compromisso com a criatividade e economia criativa, o DFB ressalta o título de Fortaleza como Cidade Criativa do Design pela Unesco. O reconhecimento foi outorgado em 2019, ano da última edição presencial do DFB Festival, quando mais de 3,6 mil postos de trabalho foram gerados e pelo menos 42 mil pessoas passaram pelo evento durante os quatro dias de programação. 

DFB Festival | Fotos: Roberta Braga e Cláudio Pedroso

Com uma proposta moderna de cidadania, este ano o festival conta com uma exposição do Instituto do Câncer do Ceará feita com mulheres mastectomizadas. “O DFB Festival é o único evento do Brasil focado em moda autoral e com seis editais públicos de participação.

É muito mais que moda, pois trabalha o social, é incentivador, provocador e mexe com toda a estrutura da indústria do Estado, ou seja, o DFB é multifacetado”, explica o idealizador do evento. Segundo Cláudio, a força criativa da indústria da moda cearense estará muito presente neste ano. “Teremos peças de bordado, couro, macramê e vários outros materiais”, destaca.

Nova cena da moda autoral cearense ocupa espaço no DFB Festival 2022

O evento recebe, neste ano, mais de 20 desfiles em suas passarelas. Dentre eles, estilistas, marcas e especiais de moda cearense. Duas salas com passarelas de 40 metros recebem os desfiles na 22ª edição

o público vai conferir criações dos estilistas e marcas Olé Rendeiras por Catarina Mina e QAIR Brasil, Kallil Nepomuceno, Hand Lace, Vitor Cunha, Almerinda Maria, Rendá, Ivanildo Nunes, Senac Richelieu por Ivanildo Nunes, Marina Bitu, Baba, Lindebergue, Bruno Olly, Banana Urbana, Sherida, Alix, Theresa Montenegro, Manuel Bessa, David Lee, Vi Lingerie, Sau Swim, Sand Blue e Rio de Jas, além do desfile Enel Upcycling e do Projeto 100% CE por Cláudio Silveira. Neste ano, o DFB também apresenta um desfile de moda Upcycling, com reaproveitamento de materiais, em parceria com a Enel Brasil.

DBF Festival: Destaques do segundo dia

Ciclo de formação

Realizado pelo Senac, Dragão Pensando Moda (DPM) promoveu palestras relevantes sobre moda digital e sustentabilidade. Em mesa redonda, Gustavo Narciso (C&A), Milena Prado (DIEESE) e Verônica Couto (SEBRAE) trocaram experiências e levantaram os desafios para a inserção da moda sustentável no país.

Talks durante o DFB Festival | Foto: Rogério Lima

Na mesma tarde, Airan Pagliosa (Santana Textiles), Fernando Bock (Arezzo&CO), Renato Januzzi Cechettini (Inova Consulting) e Lucas Rocha (Haco) conduziram o talk  sobre tendências de consumo e o varejo inteligente. O debate foi encerrado com o papo sobre o universo digital da moda.

Os desfiles do dia

A segunda noite de desfiles do DFB 22 trouxe muito impacto estético, criatividade, diversidade e brasilidade aos olhos do público.

Na abertura, o estreante Bruno Olly trouxe criações ousadas com roupas curtas e coladas e desfile de um casting majoritariamente masculino para questionar os padrões impostos aos gêneros na sociedade. “Ridículo é quem perde tempo em querer menosprezar o próximo”, disse.

Em seguida, a marca Sand Blue investiu em sustentabilidade ao apresentar uma coleção de beach wear com acessórios reutilizados de resíduos descartáveis da indústria, como a corda naútica.

Representando a moda íntima, a marca Vi Lingerie apresentou a coleção “Ceará é Flor, é Amor”, trazendo uma releitura da cultura cearense através de peças em tons rosê e rendas, que esbanjaram feminilidade.

O quarto desfile foi do estilista Vitor Cunha, novo nome da cena autoral, que usou do conceito mitológico e estético da libélula para criação de peças exuberantes em modelagens justas e oversized, produzidas por diversas técnicas, como crochê freeform e reinterpretações de macramê. 

Aguardado por uma sala lotada, Lindebergue, estilista que faz parte da história do DFB, encantou mais uma vez o público ao apresentar uma coleção cheia de significados e sentidos, referentes ao contexto pandêmico, com peças em crochê e composições de tule, que homenagearam às mulheres, em diversos padrões estéticos, e ainda destinou espaço para personalidades queer e drag queens.

Por fim, Ivanildo Nunes trouxe uma coleção vibrante e renascentista, construída com rechilieu, renda de bilro e crochê.

Os destaques do terceiro dia

Oficinas de criação

Oficinas criativas e temáticas relevantes estiveram presentes em mais um dia de programação do Dragão Pensando Moda (DPM), promovido pelo Senac. 

No início da manhã, Lucas Winck falou sobre os princípios para desenvolver uma escrita mais criativa sobre a moda. Em seguida, Dudu Bertholini, junto à Itiana Pasetti e à Adriana Tubino, comandaram um talk sobre o ecossistema da moda, trazendo experiências e expondo desafios do segmento.

Talks DBF Festival | Foto: Rogério Lima

Para encerrar o ciclo, a pauta da sustentabilidade foi destacada mais uma vez por Flávia Aranha, referência em moda sustentável e circular, para o painel do Mundo Unifor no DFB.

Os desfiles do dia: Criatividade e tradição em alto estilo

Em meio a grande expectativa, as passarelas do DFB receberam criações de nomes consagrados na cena, como David Lee, Theresa Montenegro e Kallil Nepumoceno.

Como forma de celebrar e revelar novos talentos da moda, equipes selecionadas do FB Uni, Santa Marcelina e SENAC-Sergipe se destacaram no desafio do Concurso dos Novos e apresentaram uma coleção-cápsula 100% algodão cheia de criatividade e ousadia.

Marcando o retorno do co-criador do evento, Josenias Junior, a marca Banana Urbana estreou a coleção “Banana da Terra”, preenchida por peças de estética tropical e com a cor amarela como grande protagonista. 

A marca Handlace transformou as vivências da infância no sertão, lembranças da juventude em Fortaleza e desafios da vida da adulta da estilista Edina Monteiro através de peças puramente autorais, fluidas, de cortes abertos, tons naturais e entrecortes leves.

Em meio a muita expectativa, David Lee, nome consagrado através do DFB, uniu a arte plástica de Narcélio Grud a sua criatividade surrealista para a coleção “Aurora”. O cearense homenageou a Terra do Sol com peças de tons quentes em crochê, sarjas, tricoline, algodão e moletom, junto a acessórios leves e criativos, para refletir e dar vida à arte. 

Autenticidade e musicalidade foram um dos pontos de destaque do desfile de Theresa Montenegro, novidade das passarelas do DFB. A coleção La Nuit, inspirada na mulher contemporânea, contou com peças exuberantes e luxuosas, investidas em tecidos nobres, texturas sofisticadas, alfaiataria e muitas plumas e vidrilhos.

Referência na alta costura brasileira, Kalil Nepomuceno ressaltou a beleza feminina com a coleção “Sobre um Novo Olhar” desafiadora, que uniu estampas, acessórios brilhosos, tecidos nobres e recortes bem arquitetados e sensoriais para expressar sua arte. A modelo e atriz Dani Gondim foi uma das musas da coleção e abriu o desfile do estilista.

No fim da noite, a tônica foi o poder da produção manual das mulheres rendeiras. Em sua estreia, a Olê Rendeiras, fruto da parceria entre as marcas QAIR Brasil e Catarina Mina, surpreendeu o público com looks delicados e coloridos, feitas por renda de bilro, harmonizados em diferentes recortes, como blusas, kimonos, vestidos e biquínis para a coleção MARÉ.

O projeto tem como objetivo ressignificar e perpetuar a tradição da renda de bilro, fonte de renda que transforma a vida de 237 mulheres residentes no município de Trairi, no Ceará.

Foto de capa e desfiles | Foto: Roberta Braga e Cláudio Pedroso

Sobre o Julianna Terra

Carioca ariana nascida em 1991, editora de moda, mercadóloga, redatora e especialista em comunicação de moda, fashion weeks e tendências. Amante da sétima arte, música, e papelaria.

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